Mio Matsuda

Os brasileiros que são ligados à cultura japonesa não podem deixar de conhecer o trabalho da cantora Mio Matsuda. Aliás, mesmo quem não tem um vínculo tão forte assim com o Japão, mas gosta da sonoridade da língua japonesa e da entonação da música oriental, com certeza vai adorar suas gravações.
Mio, depois de se apaixonar pelo fado português e morar um ano em Lisboa estudando o estilo musical, começou a expandir seu interesse por outros países falantes da língua portuguesa, inclusive o Brasil. Gravou seu primeiro álbum em 2005, no Rio de Janeiro e, no ano seguinte, lançou seu segundo disco entitulado Pitanga (ouça trechos aqui), com composições próprias inspiradas nos ritmos do Nordeste brasileiro. Em 2007, saiu seu terceiro CD, produzido juntamente com João Lyra e que resultou numa turnê pelo Japão.

Neste ano, Mio lançou seu quarto álbum, chamado Luar (foto abaixo), em homenagem ao centenário da imigração japonesa ao Brasil. O disco, além de faixas inéditas, contém uma seleção musical de trabalhos anteriores da cantora, que representam a ligação entre os dois países.


As canções são recheadas de contraste entre a língua e o ritmo do Brasil e do Japão. Alguns exemplos são as faixas "Shima Uta" e "Amefuri Otsuki", canções representativas do Japão, mas gravadas em português e, no caso de "Sima Uta", com ritmo brasileiro.
A faixa "Saiko", que significa "perfeito" ou "o melhor", tem uma história curiosa. Na década de 60, havia uma grande população de pescadores japoneses na Ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Os japoneses fizeram amizade com os crioulos nativos e ensinaram a palavra, que virou título de uma animada música carnavalesca composta pelo cabo-verdiano Ti Goy.
Pouca gente sabe que a música Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, foi gravada em versão japonesa pela cantora Keiko Ikuta e lançado em LP na Terra do Sol Nascente, em 1951, no auge da carreira do Rei do Baião. E Mio Matsuda não pôde perder a chance de regravá-la.
E a lista de obras continua, passando por "Tabibito no Xote" (Xote do Viajante), composto pela própria cantora e por muitas outras canções que marcam o intercâmbio cultural Brasil-Japão. Mio sem dúvida vem cultivando um tesouro cultural único, que transborda talento artístico e ficará para a posteridade.

Site da cantora

Um comentário:

Val Albino disse...

Conheci a Mio em 2008 em uma feira japonesa aqui em Recife desde aquele dia me encantei com o seu trabalho. Em 2012 Mio fez uma participação no carnaval daqui e foi otimo ve-la de novo. Adoro ele e amo o seu trabalho.